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I
- QUEM SÃO OS ANJOS
-
Os anjos são seres criados por Deus(Gn.1:1;Cl.1:16; Sl.148:2,5), superiores, por ora, aos
homens(Sl.8:5), cuja criação
antecedeu à própria criação dos homens(Jó 38:4,7).
OBS: "... Muitos antes da formação da Terra, num tempo tão remoto
que não se pode calcular, o Criador criou as hostes angelicais. É o que
chamamos de eternidade passada....."( Osmar José da SILVA, Reflexões
filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.45).
- Os anjos são seres espirituais (Hb.1:14),
sobrenaturais, que não estão limitados a tempo(Mc.16:5) ou ao espaço (Mt.26:53).
OBS: "...Por não existir passado nem futuro para quem está num
plano eterno, a relação com seu Criador continua sendo igual em todas as
épocas, ou seja, para quem está reservado um projeto absoluto, não há tempo
para ser contado. Tempo é a maneira de ver as coisas acontecerem
relativamente, mas para quem vive no Absoluto, o momento é eterno. Seja qual
for a época para nós, para eles (os anjos , observação nossa), tudo é sempre
igual, não existe amanhã, como não houve ontem. Tudo é presente e eterno.
Assim será para nós no Paraíso (na nova Jerusalém)..." ( Ailton Muniz de
CARVALHO, A genealogia dos alienígenas, p.40-1).
- Os anjos são inumeráveis (Dn.7:10,
Ap.5:11), mas este número
não se alterou após a criação de Deus.
- Os anjos são conscientes (Lc.1:16),
poderosos(Sl.103:20), maiores
que os homens em força e poder por ora(II Pe.2:11),
têm emoções (Lc.15:10), bem como
possuem livre-arbítrio(Jd.6,
IIPe.2:4).
- O livre-arbítrio dos anjos deve ser entendido dentro da esfera de sua
existência, ou seja, tendo sido criados na dimensão da eternidade(Lc.20:36), os anjos somente poderiam,
numa única oportunidade, fazer uso do poder de opção, que decorre da sua
condição de superioridade na ordem da criação, o que, efetivamente ocorreu
quando da rebelião empreendida pelo "querubim ungido". Assim, feita
a opção, jamais os anjos poderão se arrepender, o que é não é de se admirar,
pois a opção feita pelo ser humano ao passar para a eternidade é, igualmente,
imutável.
OBS: "...Eles têm livre arbítrio. Assim como Jesus foi provado,
os anjos também o foram. Quando Lúcifer se rebelou nos céus, muitos anjos
'não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação', Jd.6.
Um grande número de anjos escolheu mostrar a sua inteira fidelidade na
submissão de Deus e por isso são chamados de 'anjos eleitos', I Tm.5:21...." (Eurico BÉRGSTEN,
Teologia sistemática: doutrina da Igreja, doutrina dos anjos, p.114).
"...Os anjos foram criados com a responsabilidade da determinação. Este
foi o ideal divino representado por eles na criação. A possibilidade do mal
não estava neles de maneira nenhuma como necessidade.(...)eles tinham aquela
liberdade de ação que é natural à responsabilidade angélica..."
(Severino Pedro da SILVA, Os anjos: sua natureza e ofício, p.103-4).
"...Deus não criou os anjos com uma perfeição igual à Sua; eles eram
perfeitos, mas não tão perfeitos que não pudessem errar e, como assim foram
criados, havia igual possibilidade de permanecer perfeitos ou não. Eram,
portanto, dotados de livre-arbítrio..." (Osmar José da SILVA, Reflexões
filosóficas de eternidade a eternidade, v.1, p.46).
II - A
APOSTASIA DOS ANJOS
-
A Bíblia Sagrada descreve que, em momento desconhecido (para alguns na
eternidade passada; para outros, após a criação dos homens; para outros,
ainda, no segundo dia da criação), parte dos anjos seguiram ao "querubim
ungido" numa atitude de rebelião contra Deus(Is.14:4-23; Ez.28;Ap.12:4,9).
OBS: "...Muitos eruditos supõem que o pecado original dos anjos
foi terem seguido a Satanás, em sua revolta quando tentou derrubar Deus no
passado(...) Nesta interpretação, não existe previsão de tempo e espaço, foi
na eternidade(...) Os judeus tinham uma tradição de queda dos anjos com base
no trecho de Gênesis 6.2 (...)
Isto colocaria o pecado original dos anjos depois da queda do homem. Mas isso
é um tanto improvável.(...) Outra possibilidade defendida por alguns se
baseia no terceiro capítulo de Gênesis, onde se narra a história da tentação.
Supostamente, os anjos vinculados a Satanás, tornando-se corrompidos assim,
por haver ele tentado o homem e sua mulher, e eles se tornaram subsequentemente, agentes da corrupção humana..." ( Severino Pedro da
SILVA, Os anjos: sua natureza e ofício, p.105)
- Estes anjos, com o "querubim ungido" à frente, teriam deliberada
e conscientemente se rebelado contra Deus e Judas, retirando seus dados da
tradição judaica existente, afirma que a rebelião se deu de duas
formas(Jd.6):
a) recusa a guardar o seu principado - os anjos rebeldes se recusaram a
manter o lugar onde haviam sido postos por Deus dentro da ordem estabelecida
pelo Senhor. Assim como o "querubim ungido" desejava deixar o lugar
proeminente em que fora colocado(Is.14:11;
Ez.28:3-5,12-15) para ser semelhante ao
Altíssimo e colocar-se acima de Deus(Is.14:13,14;
Ez.28:2,17), os anjos que
o seguiram desejavam posições diversas das que possuíam.
OBS: "...O que os anjos tinham e o que perderam é ilustrado na literatura
judaica. Além das habitações celestes pertencerem a eles, a tradição judaica
lhes atribuía governos (por detrás das cenas) sobre várias nações e outras
regiões da criação que nos são desconhecidas(...)os anjos que controlavam
esses mundos foram castigados, tendo sido acusados de romperem com as ordens
que lhes fora dada (ver Enoque 18:13 e s) quanto a essa tradição) (...) A
queda dos anjos, pois, arruinou tudo aquilo de que desfrutavam aqueles anjos
poderosos, deixando-os em má situação perante o Senhor Deus..." (R.N.
CHAMPLIN, Novo Testamento Interpretado, v.6, p.234)
b) abandono de suas habitações - Por desejarem outras posições, os anjos
rebeldes abandonaram seus postos, desertaram do exército de Deus e passaram a
seguir ao "querubim ungido", opondo-se diretamente a Deus e a Seu
exército, a ponto de batalharem contra os anjos que permaneceram fiéis (cf.Ap.12:7).
OBS: "...Lúcifer tornou-se o primeiro opositor, sendo que esta
não é uma boa posição(...) Esta ala está sempre recheada de rebeldes,
murmuradores, avarentos, egoístas, maldizentes e corruptos...(se) estes
predicados diabólicos fazem parte do seu dia-a-dia, livre-se deles
rapidamente, ou eles destruirão sua vida pública, moral e espiritual. Assim começou
o primeiro grupo de opositores a Deus. Satanás e seus anjos desenraizados da
fonte enérgica inesgotável, não tiveram outra saída: foram vencidos e
lançados do Universo Absoluto; porém, tinha como objetivo aumentar seu grupo
de adeptos, o que nunca lhes foi concedido; suas criaturas sempre foram as
mesmas. O máximo que Deus lhe concede é destruir a matéria daqueles que se
deixam ser 'cavalos do diabo' até que a alma expire. Daí por diante é com
Deus, até ao dia do juízo..."( Ailton Muniz de CARVALHO, Deus e a
história bíblica dos seis períodos da criação, 4. ed., p.173-4).
- Os cristãos sinceros e fiéis fazem como os anjos que se mantiveram ao lado
do Senhor: mantêm-se no lugar determinado por Deus e não o abandonam, ainda
que, para tanto, tenham de sofrer represálias e incompreensões. A bênção está
em ficarmos no "mesmo lugar" -Hb.10:25;
At.2:1;Fp.2:6.
III - O
CASTIGO DOS ANJOS QUE DEIXARAM A SUA HABITAÇÃO
-
A atitude dos anjos rebeldes é denominada de "loucura" pelas
Escrituras - Jó 4:18.
OBS: "...Desta maneira ele multiplicou a iniquidade e, com isso,
sua energia foi dividida. Na mesma proporção em que 'fazia anjos', perdia a
força e o poder que já vinha perdendo desde que se profanou diante de
Deus.(...) Quando o homem perde a sabedoria, é imediatamente dominado pela
vaidade, que é irracional. Assim estava Lúcifer, literalmente insano. Nesse
momento de insanidade, o homem pode destruir a si próprio e sem que haja uma
intervenção exterior, é certa a sua destruição..." (Ailton Muniz de
CARVALHO, Deus e a história bíblica dos seis períodos da criação, 4. ed.,
p.171)
- A consequência da rebelião destes anjos foi o encerramento em prisões
eternas até o julgamento final(Jd.6),
quando serão, inevitavelmente, lançados no fogo eterno, que foi para eles
mesmos preparado(Mt.25:41).
OBS: "... Os anjos decaídos se dividem em dois grupos distintos.
O primeiro grupo é composto daqueles que aderiram a Satanás quando se rebelou
contra Deus(...) esses anjos estão sob a esfera de seu domínio e,
consequentemente, não estão aprisionados(Ef.2:2;
6:12;Ap.12:7)(...) O segundo grupo
prende-se àqueles anjos mais ferozes. Esses seres não pecaram por serem
induzidos ou tentados, mas voluntariamente.(...) Esses não estão
presentemente a serviço de Satanás e, sim, aprisionados por expressa ordem de
Deus, em cadeias eternas, na escuridão exterior, esperando pelo julgamento do
grande dia. Só unicamente durante a Grande Tribulação, durante o toque da 5ª
trombeta, eles ficarão por cinco meses sob o domínio total de Satanás,
depois, certamente, voltarão a ser aprisionados e evidentemente comparecerão
a juízo(I Co.6:3; IIPe.2:4; Jd.6; Ap.20:12). Em Apocalipse 20:12, na
palavra 'grandes' (anjos) e 'pequenos' (homens) fica subentendido isto..." (Severino Pedro da Silva, Os anjos: sua natureza e ofício,
p.106-7).
"...As cadeias. Elas representam 'empecilhos'. As forças satânicas estão
amarradas, ou, pelo menos, assim se acham alguns de seus elementos mais
maliciosos. Isso os tolhe e preserva, ao mesmo tempo. Finalmente serão
levados a juízo. Todavia, há outras forças satânicas que estão soltas, e
Satanás não tem permissão de transformar a vida humana em um inferno total,
como certamente gostaria de fazer, se isso lhe fosse permitido. O Espírito de
Deus o restringe, e, de outro modo, a vida humana nesta terra seria qual a
existência em uma selva caótica, violenta e sem misericórdia(...) Mas o livro
do Apocalipse dá-nos a entender que, nos últimos dias, essas forças
espirituais extremamente negativas terão permissão de atacar os homens; e
então é que os homens aprenderão a lição que o caminho de Deus realmente é
melhor, e que sua alternativa horripilante..." (R.N. CHAMPLIN, Novo
Testamento Interpretado, v.6, p.234).
IV - AS
ADVERTÊNCIAS QUE NINGUÉM PODE IGNORAR
-
Judas menciona o episódio da rebelião dos anjos para mostrar aos crentes que
se nem os anjos escaparam da condenação divina pela sua rebeldia, que dirá os
seres humanos que, voluntária e deliberadamente, rejeitarem a autoridade de
Deus e de Seu Filho, que é a cabeça da Igreja(Ef.4:15) e o Verbo de Deus (Jo.1:1,Ap.19:13).
- Da mesma forma, os que seguem aos falsos mestres, negando, assim, a
autoridade da Palavra de Deus, que é a expressão de Cristo (cf.Jo.5:39), estarão irremediavelmente
perdidos e condenados perante Deus.
- Judas afirma que não podemos abandonar a posição em que formos colocados na
obra de Deus, seja a mais simples e aparentemente insignificante que for,
pois, se assim o fizermos, teremos o mesmo triste fim dos anjos que
abandonaram a sua habitação. Normalmente, os que seguem os falsos mestres,
além deles próprios, são pessoas sem rumo, sem direção, que andam de lugar em
lugar, de forma "itinerante", mas, na verdade, que são
"ovelhas desgarradas, que não têm pastor" (cf.Mt.9:36; Mc.6:34). Destes devemos ter
compaixão, não render-lhes homenagem ou dar-lhes posição.
OBS: " ...O Logos é a Luz. Lúcifer era condutor da Luz...Muitos
pregadores do Evangelho foram incumbidos de conduzir à Luz os que estão nas
trevas do pecado, mas têm tomado para si a mesma atitude de Lúcifer: de
condutores da Luz, passam a querer atrair a simpatia do povo para si mesmos,
induzidos por meios interesseiros; buscam honras e glórias para si, procuram
lucros financeiros e mordomias materiais, exploram os incautos. São seduzidos
pelas trevas da ganância e da busca do poder, perdem a luz que lhes veio pelo
Espírito Santo e, envolvidos pelas trevas que lhes cegam os entendimentos,
acabam tornando-se adversários de Cristo, a única Luz que deveria brilhar em
suas obras..." (Osmar José da SILVA, Reflexões filosóficas de eternidade
a eternidade, v.1, p.82).
ESCLARECIMENTOS COMPLEMENTARES SOBRE O TEXTO DESTE COMENTÁRIO.
Lúcifer - Nome latino que significa "aquele que carrega, que conduz a
luz", com o qual a Vulgata Latina (a tradução da Bíblia para o latim,
que é a versão oficial da Igreja Romana) identifica a "estrela da manhã,
filha da alva" de Is.14:12.
Eis o versículo na tradução do Pe. Antônio Pereira de Figueiredo, que é a
tradução portuguesa da Vulgata Latina: " Como caíste do céu, ó Lúcifer,
tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante ? como caíste por terra, tu que
feria as nações ? "
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