Em Mateus 7:15-23, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo faz
uma surpreendente advertência.
Segundo Ele, os falsos profetas: profetizarão, expulsarão
demônios e farão muitos milagres. E, pasmem, tudo isso em nome de Jesus.
É interessante notar que as 'procissões evangélicas' dos
dias atuais se movem exatamente em busca desses três sinais: profecias,
libertação espiritual e milagres. Milhares de pessoas cruzam as nações de ponta
a ponta em busca do grande 'preletor' ou 'conferencista', como se este tivesse
mais direito ao Santo dos Santos do que qualquer um dos eleitos. Desconhecem,
portanto, Hebreus 10:19.
Sem entrar no mérito das manifestações do poder de Deus, por
entender que estas pertencem somente a Ele, vamos observar as palavras do
Salvador por outro prisma. Como saber, em meio às profecias, curas e milagres,
aquele homem (ou mulher) lá em cima do púlpito, centralizando todas as
atenções, é realmente um enviado do Senhor dos Exércitos?
O argumento de que só o fato de haver uma manifestação
sobrenatural é selo inquestionável da unção de Deus não se sustenta
biblicamente. Uma jumenta viu anjos. Isso por acaso quer dizer que ela estava
ungida ou consagrada?
Por outro lado o profeta Jeremias pregou a Palavra por vinte
e três anos (Jeremias 25:3) e ninguém deu ouvido. Isso faz dele um pregador
menos ungido do que o irmão que pregou na noite passada e dez, cem ou mil
pessoas se converteram?
Se não aceitarmos imediatamente o princípio de que Deus não
depende de quem quer que seja para executar seus propósitos soberanos, seremos
sérios candidatos a nos impressionarmos com sinais e, por conseqüência, com os
agentes humanos que ali canalizam as atenções como se estes fossem
super-homens.
No contexto da mensagem que nos serve de ponto de partida,
nosso Senhor Jesus Cristo trata de nos abrir os olhos a respeito dos falsos
profetas através de uma instrução simples e direta: "Pelos seus frutos os
conhecereis" (Mateus 7:16a).
Parece pouco, mas diz absolutamente tudo que precisamos
ouvir e entender.
Observe que Jesus não diz "Pelos sinais miraculosos os
conhecereis" ou "Pelo modo eloqüente como prega a palavra os
conhecereis" nem "Pelo número de almas que ganham em uma noite os
conhecereis".
E por que não diz?
Porque os sinais, quem faz é Ele, Deus (Salmos 62:11). A
Palavra é dEle, e nunca volta vazia (Isaías 55:11). E quem convence o pecador é
o Espírito Santo (João 16:8). Ninguém leva ninguém à salvação, porque a
salvação pertence a Deus (Jonas 2:9).
Logo, se começarmos a atribuir manifestações do poder de
Deus à presença de pregador esse ou aquele, estamos declarando com as nossas
próprias bocas: "Não conhecemos a Deus".
É de se pensar às vezes se Moisés ressuscitou. Mas não é o
caso. (Deuteronômio 34:10).
Muitas vezes temos dificuldades em observar os frutos
citados por Jesus porque os 'grandes' conferencistas modernos trocaram o
convívio fraternal da igreja por estúdios midiáticos. Estão sempre
engomadinhos, impecáveis, dizendo: "Receba sua bênção!" ou "Tome
posse de sua vitória!", como se cristianismo fosse uma grande festa aos
sentidos materiais e concretos. Só conhecemos de suas personalidades o que
permitem que seja divulgado por suas assessoria de imprensa.
Mas há outras formas de saber quem é quem...
Como reconhecer, pela Palavra de Deus, um falso profeta?
1. Deuteronômio 13:1-5
Essa passagem nos mostra porque não devemos nos deixar
seduzir por sinais.
Nunca é demais lembrar que satanás tem autorização para
operar feitos sobrenaturais (II Tessalonicenses 2:9; Apocalipse 13:13-14) e,
afinal de contas, quem são os seus principais instrumentos? Isso mesmo: os
falsos profetas (Mateus 24:24).
Sinais podem se tornar uma grande espada de dois gumes.
Daí o Senhor advertir o povo de Israel, ainda no deserto, do
risco. O sinal se cumpriu, logo, o falso profeta se sentiu à vontade para
desencaminhar o povo ("sigamos outros deuses").
Só que não fazia muito tempo, Deus tinha dito "Não
terás outros deuses diante de mim" (Deuteronômio 5:7). Como é que agora
isso poderia ser alterado?
É essa a primeira pista: o falso profeta consegue, com
tremenda sutileza, inserir heresias ou doutrinas anti-bíblicas no seio da
igreja do Senhor. E ai de quem contestá-los. Eis alguns exemplos: dois
dilúvios, satanás como irmão de Jesus Cristo, Deus não sendo uma trindade, e
sim, nove manifestações (nesse caso deveria se chamar 'novidade'), Eva parindo
pela costela até antes do pecado, Moisés ressuscitado por Deus para poder se
transfigurar, exigência para que se fale em línguas estranhas, pessoas
perdoando a Deus (essa é das melhores), quebras de maldições hereditárias,
comunhão com sociedades secretas, etc. Mas isso é só a ponta do iceberg.
O falso profeta não resiste ao crivo da Palavra de Deus,
enquanto que o verdadeiro enviado não ousa, nem por um só momento, tirar ou
acrescentar uma só vírgula às Sagradas Escrituras.
Quer conhecer um falso profeta?
Preste atenção no que ele prega.
São alérgicos a bereanos.
2. Vamos comparar os textos abaixo:
Números 22:5-7 (O exemplo de Balaão)
II Reis 5:15-16 (O exemplo de Eliseu)
Falsos profetas têm vocação mercenária. Não podem ver
dinheiro, status, flashes, câmeras...
Jesus Cristo adverte contra eles em João 10:12 "O
mercenário, a quem não pertence as ovelhas, não é o pastor..." – É
verdade. O que tem de gente levando o título de pastor, mas que não tem nenhum
rebanho.
Balaão considerou seriamente a proposta de Balaque para
amaldiçoar os filhos de Israel. Mesmo assim Deus continuou falando com ele, o
que desfaz o mito de que todo aquele com quem Deus fala é um profeta seu. Deus
falou com Nabucodonosor, e este até escreveu uma passagem inteira nas
Escrituras (Daniel 4). Isso faz de Nabucodonosor um profeta? Mas interessante é
notar que nem a Bíblia chama Balaão de profeta. Ou seja, era um falso profeta,
movido pela ganância (Judas 11).
Nos dias de hoje, unção virou produto negociável. E quão
caro tem se tornado. Ultrapassando as fronteiras do razoável, os profetas dos
séculos XX e XXI têm seus cachês fixados a peso de ouro, para, em um ou dois
dias, levarem uma mensagem pela qual não pagaram um centavo para receber
(Mateus 10:8). Isso para não falar nas exigências mais esdrúxulas e curiosas,
como hotel cinco estrelas, carro com motorista, comida especial, etc.
Por isso se prega tanto prosperidade hoje em dia. Afinal,
como justificar toda essa opulência se eu não disser que o que Deus quer para
minha vida é uma casa com vinte cômodos e uma Ferrari na garagem?
Quer conhecer um falso profeta?
Veja como ele age em relação a dinheiro.
Seu dinheiro, é claro...
3. Isaías 65:5
Falsos profetas são metidos a prima-donas. Olham do alto de
suas cifras para o resto da humanidade com aquele ar de compaixão e pena que só
se tem quando se olha para algo bem deprimente, bem abaixo dos nossos níveis.
Mas pergunte a algum deles quando foi a última vez que
pregou para menos de cem pessoas, em uma igrejinha humilde. Talvez décadas
atrás, em início de 'carreira', quando ainda conhecia o significado da palavra
humildade. Mas certamente terá grandes dificuldades para lembrar.
Jamais se preocupariam com um insignificante ferro de
machado (II Reis 6:1-7). Agem de acordo de acordo com a modernidade. Estão em
constante mutação.
Em II Reis 1:7, o rei de Israel, Acazias, perguntou a seus
subordinados sobre a aparência de um homem que havia lhe mandado uma mensagem.
Quando lhe disseram "Era um homem vestido de pêlos, com os lombos cingidos
de um cinto de couro" (II Reis 1:8), o rei imediatamente concluiu "É
Elias, o tisbita".
Profetas de Deus têm personalidade, não se deixam levar por
modismos ou tendências, e nem mudam seu discurso em função das circunstâncias.
Há casos interessantes. Um profeta vai ao púlpito e diz que
Deus lhe mostrou que as mulheres não deveriam usar brincos, pois aquilo não
agradava a Deus. Cinco anos depois recebem 'pastoras' de brinco em suas igrejas
e dizem "Vamos ouvir essa mulher de Deus esta noite!"
Quer conhecer um falso profeta?
Observe seu discurso, postura e atitudes e veja como eram
essas coisas a cinco, dez, vinte anos atrás.
Muitos de nós vamos nos perguntar: "É a mesma
pessoa?"
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