ATOS também é normativo!
Acho curioso que sempre que estamos argumentando com um reformado sobre algum tema e citamos algum exemplo, padrão ou ensino do livro de Atos, logo ouve-se aquela batida frase:
- "O livro de Atos é um livro histórico, não é normativo".
Quem já estudou hermenêutica sabe que existe um princípio importante que é testar a validade de nossas "regras de interpretação", pois se usarmos premissas erradas chegaremos a conclusões equivocadas.
Os reformados (cessacionistas) sempre defendem que Atos não é normativo. Isso é bastante conveniente para quem não quer admitir ensinos bíblicos como o batismo no Espírito Santo como obra distinta da conversão.
O curioso é que para os reformados Atos é o único livro não-normativo da Bíblia. E olha que os evangelhos também estão repletos de relatos históricos, e nem por isso são tidos como não-normativos.
Mas o argumento que quero destacar é o seguinte: Os exemplos bíblicos tem autoridade doutrinária quando denotam um padrão.
Evidente que não se pode pegar um relato particular registrado na Palavra e transformar em doutrina.
Exemplos:
Se pegar só a experiência de Jesus no Monte direi que sempre deve-se orar a madrugada toda.
Se pegar só a experiência de Daniel direi que sempre deve-se vestir-se de pano de saco ao jejuar.
Se pegar só a experiência de Paulo direi que toda conversão deve ser acompanhada de um clarão no céu.
Se pegar só a experiência do Pentecostes (At 2) direi que sempre o batismo no ES deve ter línguas de fogo na cabeça das pessoas.
Mas deve-se descobrir o padrão bíblico de determinada prática espiritual para estabelecer a doutrina. Se analisarmos a Bíblia toda teremos um entendimento completo sobre qualquer assunto.
Há padrões bíblicos para Oração, Jejum, Conversão e Batismo no Espírito Santo. Por exemplo, vemos na Bíblia que todo Batismo no Espírito era acompanhado de algo sobrenatural.
Se as histórias bíblicas não podem ser usadas doutrinariamente então não poderemos dizer quase nada a respeito da oração, por exemplo. A maior parte dos ensinos sobre oração advém dos exemplos registrados na Bíblia. Onde orar, como orar, quando orar... são lições tiradas das histórias bíblicas. E isso é feito tanto pelos pentecostais quanto pelos reformados. Afinal, a regra básica de hermenêutica é que "a Bíblia interpreta a própria Bíblia".
Portanto, o livro de Atos é tão normativo quanto os demais livros da Bíblia.
E quero ver provarem o contrário.